Passei por exames muito doloridos antes da cirurgia. Dia 08 de outubro às 07 horas dei entrada ao centro cirúrgico.
Foi uma cirurgia bastante demorada, mesmo não sentindo a presença de tempo, espaço ou dor, acordei da anestesia cansada e meio atordoada.
Já no quarto recebi uma visita nada convencional de uma enfermeira que me falou algumas palavras de conforto e terminou falando a seguinte frase: " hoje é minha folga, porém, eu resolvi ficar e cuidar de você, acredito que Deus quer minha presença aqui e me fez ficar só para te fazer companhia hoje"...O nome desse anjo é Vanda e nunca mais nos falamos.
Eu estava muito confiante na minha situação de paciente de Câncer de Mama, acreditava que sairia bem desse naufrágio e conseguiria seguir andando sem muitos tropeços.
Permaneci hospitalizada o tempo comum a toda cirurgia, no terceiro dia recebi alta e fui para a casa de meu sobrinho-afilhado, minha irmã tomaria conta de mim nos primeiros dias. Confesso que a recuperação não muito fácil, o médico havia colocado uma sonda e os banhos não eram dos mais tranquilos.
No sétimo dia fui tirar os pontos e me preparar para a segunda etapa pós câncer. Quando o médico retirou a sonda eu quase deixei meu espírito sair junto, tamanha foi a dor, a mangueira estava em formato espiral e a cada volta eu me segurava para não gritar e xingar o médico, terminando a sessão tortura-sonda, retirou os pontos e começou a passar aquele maldito aparelho de ultrassom e ficou olhando no monitor, solicitou a presença de meu esposo e explicou que seria necessário voltar comigo para o centro cirúrgico, alegava que ficara resquícios de células cancerígenas; eu arregalei os olhos e falei que não existia no planeta ninguém para me convencer a passar novamente por uma cirurgia, assinei um termo de responsabilidade pela minha recusa de uma nova cirurgia.
Dia 09 de novembro de 2007, fui conhecer o meu oncologista, o médico que me acompanharia pelos próximos anos, quando entrei no consultório me deparei com um jovem que começou perguntando o motivo pelo qual eu me recusei a uma nova cirurgia, respondi que não tinha a resposta, apenas acreditava ser desnecessário; ele sorriu e falou que realmente não era necessário já que a quimioterapia faria a limpeza restante.
Após obedecer as burocracias exigidas pelo convênio médico, iniciei o tratamento no dia 26 de novembro de 2007.
A primeira sessão não foi tranquila, vomitei muito e já no início fiquei enjoada e apresentei aversão a tudo que trazia a cor vermelha, inclusive carne.
Minha família e amigos foram solidários com o meu desejo de ficar isolada e não querer receber visitas de absolutamente ninguém.
Eu fiquei melhor no terceiro dia depois da medicação, mas logo enjoei novamente pois lembrava que a cada 21 dias eu estaria passando por tudo novamente. E na terceira vez que fui à clinica já estava quase sem cabelos, pedi ao meu esposo que passasse comigo no salão para raspar o restinho de cabelos que restavam, o moço do salão ficou desconsertado e não cobrou pela dura missão de passar a máquina zero em minha cabeça. Voltei para casa ainda mais debilitada. Quanto à falta dos cabelos não me incomodava nem um pouco, eu sabia que os cabelos nasceriam de novo, o que me incomodava de verdade eram as sessões cada vez mais difíceis de quimioterapia....
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