Infância


E a vida seguia naquela casinha simples barreada e coberta com folhas de coqueiro.
Nada assustava ou amedrontava, o canto da cotovia e o relinchar dos cavalos era a única música matinal  ouvida todas as manhãs, o nosso despertador era o galo garnizé que cantava  alto e desafinado.
À noitinha meu pai ligava o seu radinho de pilha e se sentava num banquinho de madeira feito por ele, ficava pitando seu cigarro de palha e balançando os pés ao som de Nana Caymmi, Altemar Dutra, Leo canhoto e Robertinho e muitos outros cantores daquela época.
Meu pai pitando seu cigarro e ouvindo música enquanto a gente corria pelo terreiro brincando de cobra cega,  minha mãe ficava fazendo os remendos nas roupas, vez ou outra olhava e sorria daquela algazarra.
Quando se é criança os problemas são inexistentes e os medos só aparecem quando a noite cai e a escuridão engole o dia.

0 Response to "Infância"

Postar um comentário