TORMENTAS-05

...começou a investigação para diagnosticar aquela doença.
Vários exames de imagem foram realizados e nada de descobrir o que eu tinha.
Meu corpo inchava absurdamente e eu ficava cada vez mais sem capacidade de respirar sem a ajuda do oxigênio, recebia auxílio diário de uma fisioterapeuta e uma fonoaudióloga que me ensinavam exercícios de respiração.
Meus familiares e amigos me visitavam e à primeira vista era nítido o susto que esboçavam ao me ver, estava irreconhecível.
Numa manhã que não me lembro a data, precisei pulsionar uma veia para realizar um exame de contraste, porém não havia como encontrar o acesso devido ao inchaço, tentaram várias vezes nas mãos, braços e pés, não conseguiram; o chefe de enfermagem, me lembro o nome dele e acredito que nunca vou esquecer, Flávio, aproximou-se e olhou fixamente em meus olhos perguntando se eu confiava nele, sentia que tremia e suava, parecia estar mais apavorado que eu, respondi positivamente com a  cabeça que confiava sim, ele então pediu que mantivesse o pescoço virado para meu lado esquerdo e não mexesse em hipótese nenhuma, pois ele precisava colocar um cateter na minha jugular e certamente não seria muito confortável, mas era necessário. Fiquei imóvel, sentia as suas mãos trêmulas e sua respiração ofegante, demonstrava muito cuidado em não me causar mais dor do que já sentia.
Cateter colocado, fui conduzida ao local onde seria realizado o exame, voltei logo para o quarto, tive muita náusea e vomitei, acredito que devido ao jejum e ao contraste.
Uma equipe médica entrou em meu quarto acompanhados do doutor Teriovaldo, que compareceu ao hospital a meu pedido e ao me ver indagou se já haviam feito exames direcionando a enfermidade à trombose de cava superior, pois a minha aparência sugeria esse quadro. Após discutirem o caso, o doutor Roberto Carlos se dirigiu até mim e disse que na manhã seguinte ele iria me operar e tirar o causador daquela doença, o cateter colocado para realizar quimioterapia  e que não havia sido heparinizado seria o vilão da vez.
Na manhã seguinte, um domingo, fui submetida a uma cirurgia para retirada do cateter, na segunda feira já estava menos inchada e respirava sem oxigênio, graças a Deus as coisas estavam voltando ao normal.
Fiquei hospitalizada por mais oito dias e fui liberada para passar o Natal com minha família.


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