Bicho do mato

Quando eu era criança adorava jatobá, uma fruta silvestre e pouco apreciada pelo sabor bem característico. Numa dessas andanças em busca da minha fruta silvestre preferida, me perdi na mata já estava tarde quando meu pai e meu irmão mais velho saíram à minha procura, ao que ficaram surpresos, pois eu estava sentada e com a boca toda suja de jatobá, havia reunido todos os jatobás que eu podia e por não conseguir levá-los pra casa, resolvi comer ali mesmo, pelo menos até ficar uma quantidade que coubesse na roda da minha saia. Meu irmão ficou uma fera e brigou comigo, meu pai por sua vez só falou: -Deixe a menina, num ta vendo que ela conseguiu colher jatobá pro ano todo? -Pelo menos não vai se perder por pelo menos uns meses. Colocaram então as frutas num embornal e sobre o lombo do cavalo, me colocou sobre o animal e rumaram para casa. No outro dia eu tava distribuindo jatobá pra toda a molecada da corrutela. Criança que cresce na roça é igual bicho do mato, a mata adota e protege, dizia minha mãe, ao perceber meu sumiço novamente.

Marina Liberato

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